Três faculdades de Direito de Mato Grosso serão notificadas pelo Ministério da Educação (MEC) por oferecer cursos de baixo desempenho. Os nomes das instituições foram inclusos em uma lista de 37 faculdades do Brasil que tiveram média abaixo de 3 em um cruzamento de dados realizado com informações do Enade e do Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD).
Outras 52 instituições também tiveram o rendimento considerado insatisfatório. O Centro Universitário Cândido Rondon, de Cuiabá, teve nota 2 no IDD. Desempenhos semelhantes tiveram as Faculdades Integradas de Tangará da Serra e as Faculdades Integradas de Ciências Sociais e Aplicadas de Diamantino.
Na avaliação, o MEC considera o número de acadêmicos aprovados no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Nesse quesito, a faculdade de Tangará da Serra foi a que apresentou o pior resultado, com apenas 8% dos alunos aprovados. O Centro Integrado Cândido Rondon aprovou 14% dos alunos da instituição que fizeram a prova, e a de Diamantino, 12,5%.
O presidente da seccional da OAB em Mato Grosso, Francisco Faiad, encaminhou para o presidente nacional da OAB, César Brito, que está em Cuiabá, um pedido para inclusão da faculdade Afirmativo na lista das 89 instituições. A Afirmativo foi a que teve o pior desempenho no Estado. Nenhum dos estudantes foi aprovado no último exame da Ordem, disse Faiad.
As faculdades que constam na lista terão um prazo de 10 dias para apresentar ao MEC justificativas pelo mau desempenho e para propor melhorias. O presidente da Comissão de Ensino Jurídico da OAB, Jenz Prowchinow Júnior, afirmou que a instituição tem sido rigorosa na aprovação dos cursos para evitar a entrada de faculdades de baixa qualidade no mercado.
Jenz reconheceu que existe hoje uma proliferação de cursos de Direito para atender a interesses comerciais. Segundo ele, este ano a OAB só aprovou a instalação de uma nova faculdade, em Cáceres. Em Mato Grosso existem 28 cursos de Direito, com cerca de sete mil alunos. Ontem, o MEC publicou no Diário Oficial uma nova avaliação para abertura de cursos de Direito.
Esse resultado é reflexo da má qualidade do ensino jurídico. Envolve tanto a falta de responsabilidade dos alunos quanto a qualificação dos professores. Há instituições que pensam apenas em abrir novas vagas e deixam o ensino mesmo em segundo plano, criticou Faiad. No último exame, 363 bacharéis foram aprovados, o equivalente a 21,79% dos concorrentes.
Essa é uma situação difícil de se identificar os motivos. Há também o fato de que temos de lidar com muitos alunos que têm uma base de conhecimento falha e construir o conhecimento, sem ter uma base, é difícil, justificou o pró-reitor do Centro Acadêmico Cândido Rondon, Delarim Gomes. A reportagem não conseguiu entrar em contato com os responsáveis pelas outras faculdades.
Fonte: Diário de Cuiabá
