O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso, Francisco Faiad, criticou duramente a decisão do Tribunal Regional Federal que resultou na libertação de todos os acusados de envolvimento no esquema de venda superfaturada de ambulâncias, presos durante a "Operação Sanguessuga", realizada pela Polícia Federal. Ele discorda do benefício a todos pelo foro privegiado de investigações. "Na verdade, disse Faiad, essa decisão privilegia sim, verdadeiramente, a impunidade".
A Ordem dos Advogados, segundo Faiad, é contra o foro privilegiado assegurado aos políticos. Para ele, esse tipo de situação tem mostrado poucos resultados efetivos e cada vez mais desenvolvendo no seio da sociedade a desconfiança e a descrença. "Com certeza, será mais um processo contra políticos no âmbito do Supremo Tribunal Federal" disse, ao lembrar que o STF dispõe de apenas 11 ministros para analisar todos os procedimentos judiciais remetidos ao tribunal.
Faiad acredita que a extensão do foro privilegiado aos demais investigados "foi um erro que a sociedade deverá pagar muito caro". Ele defendeu que o processo contra empresários e funcionários públicos envolvidos na "máfia das ambulâncias" continue em Cuiabá e que sejam investigados pelo STF apenas os que dispõe "desse malfadado foro privilegiado". Para Faiad, a decisão e a consequente libertação dos envolvidos "prejudica as investigações, prejudica o inquérito e o próprio processo". O presidente da OAB diz que está muito claro que os investigadores do caso podem estar sendo alijados da ação penal.
"São essas situações que trazem mais e mais descrédito ao Judiciário e gera esse sentimento de impunidade. A sociedade não aceita mais tantos privilégios. Estamos falando de propinas, de tráfico de influência, de dinheiro dos impostos sendo desviado para terceiros" ? acentuou o presidente da Ordem em Mato Grosso. Faiad discorda do termo "decisão técnica", proferida pelo desembargador Olindo Menezes, do Tribunal Regional Federal, que resultou na transferência do processo e das investigações para o STF.
Apesar disso, Francisco Faiad acredita que essa medida ajudará no processo eleitoral. A Ordem dos Advogados, segundo ele, pretende usar situações como essas para alertar a sociedade no sentido de que votem em políticos comprometidos com os interesses sociais. "Precisamos mudar a legislação. Há tempos a sociedade clama pelo fim da impunidade. E só acreditará na classe política quando ela, realmente, acabar com os seus próprios privilégios para evitar brechas técnicas como essa para libertação de corruptos" disse.