A advogada e contadora pública Luz Carmen Bezerra Pinzon, de Bucaramanga, Colômbia, realizou uma visita a Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso e manifestou interesse em levar a experiência da entidade para o seu país. Luz Carmen participa de intercâmbio do Rotary Club Internacional. "Na Colômbia não temos uma instituição para cuidar dos interesses da nossa classe" disse. Em Cuiabá, ela foi acompanhada pelo presidente da Caixa de Assistência dos Advogados, João Vicente Scaravelli.
Carmen procurou conhecer detalhes do funcionamento da OAB e se mostrou impressionada com a força de atuação no campo das lutas sociais realizada pela entidade em favor da igualdade e pelo fortalecimento da democracia. Situações que, segundo ela, são problemas sérios na Colômbia. Ela também se disse muito satisfeita com o nível de atenção dispensada a classe e seus familiares. ?São garantias importantes, que dão segurança no exercício da profissão? ? ela frisou.
"Na Colômbia os advogados não estão organizados como aqui" assinalou. Na Colômbia os advogados se unem por colégio de especialidades, tais como Direito Civil, Penal e Tributário. Poucas vezes essas entidades separadas agem na busca da igualdade e limitam-se a atuar no limite dos interesses setoriais. Luz Carmen frisou que considera que existe espaço suficiente para que seja criada no seu país uma entidade nos moldes da OAB a partir desses colégios. "O que vi aqui é algo muito interessante" comentou. A advogada colombiana também esteve no Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
O intercâmbio do Rotary Internacional trouxe a Cuiabá também um economista, um engenheiro e dois administradores. O tempo de estada em Mato Grosso é de 30 dias, onde são percorridos as principais cidades do Estado. O intercâmbio permite que advogados de Mato Grosso também conheçam a organização e o Judiciário colombiano. "Isso permite a nós exercermos o chamado Direito Comparado entre os países bem como fazer a troca de experiências" frisou João Vicente Scaravelli, ao aplaudir a iniciativa do Rotary.
Em função da histórica centenária de luta da OAB no Brasil pela igualdade, justiça e democracia, Luz Carmen aproveitou para tecer considerações sobre o atual momento da Colômbia. Ela disse que o país todo vive a expectativa da vitória das forças de repressão contra o narcotráfico, mas acredita que a militarização apenas não será suficiente. Ela defende que parte do dinheiro recebido pelo Exército colombiano para fins de armamento seja destinado para desenvolvimento de projetos que venham a dar sustentação aos ruralistas produtores da folha de coca.
Luz Carmen explicou que a Colômbia, formado por apenas uma federação, conta com advogados em todas as cidades. Ela considerou que uma entidade como a OAB poderia ajudar a acelerar o processo de democratização do país. "Na Constituição está escrito que somos um país democrático, somos um país democrático, mas a democracia não existe ainda na prática" disse. Ela explicou que o processo está em fase de amadurecimento. A Constituição da Colômbia é considerada nova. "Estamos buscando ainda uma maior participação popular" frisou. O país também enfrenta problemas com a pluralidade partidária.
No campo do Direito, Luz Carmen observou que o problema na Colômbia está na proliferação das faculdades a exemplo do que ocorre no Brasil. Ela observou que há casos de cidades que existem 15 faculdades. "Isso faz com que o ensino jurídico seja cada vez mais problemático em nosso país" disse.