A Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso extraiu nesta terça-feira nota de protesto contra o episódio envolvendo a nomeação do novo bispo de São Félix do Araguaia para o lugar de Dom Pedro Casaldáliga. Segundo denúncia apresentada pelo próprio religioso, a indicação do novo bispo estaria condicionada a sua imediata retirada do solo de Mato Grosso. "Protestamos e manifestamos grande apreensão com esse tipo de atitude, especialmente neste novo milênio. Achávamos que esse tipo de arbitrariedade era coisa do passado" disse o presidente da OAB, Francisco Faiad.
Na nota, a OAB de Mato Grosso ressalta que a Prelazia de São Félix do Araguaia em Mato Grosso sempre significou "despertar cristão pelo povo empobrecido do mundo" e que essa instituição, "inquebrantável em seus compromissos com Jesus Cristo, se fez sentir nos momentos cruciais e extraordinários do desenvolvimento social e humanitário de nosso Estado, especialmente no que diz respeito a luta contra a violência no campo e na defesa dos direitos dos povos indígenas".
"Como instituição religiosa e cívica, a Prelazia dirigida por anos e anos pelo bispo Dom Pedro Casaldáliga nunca se vergou ao longo de sua história aos desmandos e brutalidade do capital" diz a nota assinada por Faiad, que destaca ainda que a atitude revelada pela Igreja Católica "é de extremo risco à ordem democrática e, principalmente, aos direitos fundamentais do cidadão".
A substituição do bispo Dom Pedro Casaldáliga, da forma como vem sendo processada, de acordo com Francisco Faiad, causa aos advogados grande apreensão pelo fato de ensejar indícios de que se quer extrapolar aos tramites normais e episcopais. "Ao que tudo indica quer se romper a linha episcopal desenvolvida naquela Prelazia, baseada na evangelização preferencial pelos pobres e mais necessitados, e impor outra política religiosa não afeta aos interesses maiores e gerais da cristandade contemporânea" frisou.
Na nota, a Ordem dos Advogados do Brasil ainda conclama "a todos os segmentos organizados, envolvidos diretamente com o crescimento social e humano a se unirem pela manutenção dos valores cristãos e, principalmente, para apelar no sentido de que as autoridades eclesiásticas ouçam os anseios dos prelados mato-grossenses e respeitem, no mínimo, o direito individual do bispo aposentado, de residir onde bem lhe convier e prover".
